Reflexão
Espelhos. Vários espelhos de diferentes tamanhos e formas e com um alvo em comum: eu. Todos me lançavam olhares penetrantes dizendo friamente que eu era uma intrusa. “Sai, o teu lugar não é aqui”
Mas depois vi medo. Aproximei-me lentamente, tentando não fazer qualquer som, para que os outros espelhos não me odiassem ainda mais. Era um pequeno espelho, e sim, não me enganara, o medo estava espelhado pela sua única face de vidro. Não era o medo de cair ou o medo de abelhas, era o medo de falhar, o medo de perder alguém que amamos, o medo de não ser amado.
De repente, um som familiar preencheu a sala. Um riso… Um outro espelho, desta vez mais alto, ria desalmadamente. O som contagiante do riso acalmou os outros espelhos, que pareciam agora, habituados à minha indesejada presença.
Um outro som invadiu a sala, também ele familiar. O espelho ao lado do que se ria, chorava. Chorava baixinho, não querendo ser ouvido. Guardando a sua dor para si próprio.
Os outros espelhos pareciam novamente perturbados. Estavam furiosos, emanavam raiva e ódio puro através das suas superfícies vidradas.
Entrei em pânico. Enrolei-me sobre mim própria, tentando desesperadamente proteger-me do que quer que fosse que estivesse para vir.
Silencio. Quando finalmente me levantei, o espelho alto já não se ria e o espelho ao seu lado já não chorava, no entanto, o medo ainda estava presente na face do pequeno espelho.
Então percebi.
Aproximei-me do pequeno espelho, coloquei a mão na sua superfície fria e fixei aquela figura que me era incrivelmente conhecida:
- Não tenhas medo, sou só eu.
Teresa Abreu Nº21 10ºA